A resposta ao terrorismo
RUI RAMOS, no "Portugal Diário"
O terrorismo contém uma pergunta: é a vossa determinação para viverem como vivem suficientemente forte? E aqui, devemos ser sinceros. O terrorismo existe porque a nossa resposta a essa pergunta é por vezes confusa
Já se tinha dito tudo o que havia para dizer sobre o terrorismo. A propósito do ataque contra a população de Londres, disse-se tudo outra vez. Os terroristas não nos atacam pelo que fazemos, mas pelo que somos. Por mais rigorosa que seja a nossa segurança, um ou outro grupo há-de sempre passar através da rede. Por isso, a nossa defesa não pode ser passiva, mas activa. Seria impensável que os inspiradores dos últimos atentados pudessem continuar a festejar e a rir na capital de um qualquer estado, como os vimos festejar e rir depois do massacre em Nova Iorque.
É preciso, no entanto, ver as coisas em perspectiva. Não é a primeira vez que nos confrontamos com o terror, nem será a última. Houve sempre gente para quem as nossas sociedades pareceram "decadentes" e "injustas". Desse meio, surgiram frequentemente organizações dispostas a recorrer à violência para destruir a maneira como vivemos. Foi o caso dos movimentos ditos "totalitários" no século XX. Alguns dos ideólogos do chamado "fundamentalismo islâmico" estudaram na Europa, e partilham certas referências intelectuais dos totalitarismos europeus. Devido às comunicações e aos movimentos de população, os seus projectos políticos, mesmo se confinados a outras partes do mundo, estão destinados a entrar em choque com o nosso exemplo. Se quiserem vencer, os fundamentalistas precisarão, tal como Hitler e Estaline, de destruir as nossas democracias liberais. Para nos fazerem guerra, tentam explorar as tradições, o dinamismo demográfico, e os recursos das populações muçulmanas. Mas culpar os muçulmanos pelas atrocidades que os terroristas praticam em seu nome, seria o mesmo que culpar os operários e camponeses pelas violências que outros terroristas, noutros tempos, praticavam em nome deles.
O terrorismo contém uma pergunta: é a vossa determinação para viverem como vivem suficientemente forte? E aqui, devemos ser sinceros. O terrorismo existe porque a nossa resposta a essa pergunta é por vezes confusa. A nossa economia de mercado produz riquezas, mas também frustração. A nossa tolerância da diferença gera uma enorme variedade de opções de vida, mas também coexistências difíceis. O nosso universalismo faz-nos sentir responsáveis pelo que se passa no resto do mundo, mas faz também outros sentirem-se tutelados. Por causa disto, duvidamos e discutimos. E é nessa dúvida e nessa discussão que o terrorismo aposta, confundido-as com impotência. É esse equívoco que convém desfazer.
Não temos de renunciar à dúvida e à discussão. Fazem parte da nossa maneira de ser. O que precisamos é de aceitar que o nosso modo de vida levanta problemas com os quais devemos lidar, mas que talvez não possamos eliminar totalmente sem destruir o que somos. Isso nos ajudará a assumirmos a nossa civilização, apesar das suas imperfeições, como uma escolha e uma convicção. E essa escolha e essa convicção serão sempre as nossas principais armas contra todos os terrorismos.
O terrorismo contém uma pergunta: é a vossa determinação para viverem como vivem suficientemente forte? E aqui, devemos ser sinceros. O terrorismo existe porque a nossa resposta a essa pergunta é por vezes confusa
Já se tinha dito tudo o que havia para dizer sobre o terrorismo. A propósito do ataque contra a população de Londres, disse-se tudo outra vez. Os terroristas não nos atacam pelo que fazemos, mas pelo que somos. Por mais rigorosa que seja a nossa segurança, um ou outro grupo há-de sempre passar através da rede. Por isso, a nossa defesa não pode ser passiva, mas activa. Seria impensável que os inspiradores dos últimos atentados pudessem continuar a festejar e a rir na capital de um qualquer estado, como os vimos festejar e rir depois do massacre em Nova Iorque.
É preciso, no entanto, ver as coisas em perspectiva. Não é a primeira vez que nos confrontamos com o terror, nem será a última. Houve sempre gente para quem as nossas sociedades pareceram "decadentes" e "injustas". Desse meio, surgiram frequentemente organizações dispostas a recorrer à violência para destruir a maneira como vivemos. Foi o caso dos movimentos ditos "totalitários" no século XX. Alguns dos ideólogos do chamado "fundamentalismo islâmico" estudaram na Europa, e partilham certas referências intelectuais dos totalitarismos europeus. Devido às comunicações e aos movimentos de população, os seus projectos políticos, mesmo se confinados a outras partes do mundo, estão destinados a entrar em choque com o nosso exemplo. Se quiserem vencer, os fundamentalistas precisarão, tal como Hitler e Estaline, de destruir as nossas democracias liberais. Para nos fazerem guerra, tentam explorar as tradições, o dinamismo demográfico, e os recursos das populações muçulmanas. Mas culpar os muçulmanos pelas atrocidades que os terroristas praticam em seu nome, seria o mesmo que culpar os operários e camponeses pelas violências que outros terroristas, noutros tempos, praticavam em nome deles.
O terrorismo contém uma pergunta: é a vossa determinação para viverem como vivem suficientemente forte? E aqui, devemos ser sinceros. O terrorismo existe porque a nossa resposta a essa pergunta é por vezes confusa. A nossa economia de mercado produz riquezas, mas também frustração. A nossa tolerância da diferença gera uma enorme variedade de opções de vida, mas também coexistências difíceis. O nosso universalismo faz-nos sentir responsáveis pelo que se passa no resto do mundo, mas faz também outros sentirem-se tutelados. Por causa disto, duvidamos e discutimos. E é nessa dúvida e nessa discussão que o terrorismo aposta, confundido-as com impotência. É esse equívoco que convém desfazer.
Não temos de renunciar à dúvida e à discussão. Fazem parte da nossa maneira de ser. O que precisamos é de aceitar que o nosso modo de vida levanta problemas com os quais devemos lidar, mas que talvez não possamos eliminar totalmente sem destruir o que somos. Isso nos ajudará a assumirmos a nossa civilização, apesar das suas imperfeições, como uma escolha e uma convicção. E essa escolha e essa convicção serão sempre as nossas principais armas contra todos os terrorismos.
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