Leituras liberais
PAULO PINTO MASCARENHAS
PARA UMA HISTÓRIA SEM AMNÉSIA SELECTIVA
On the Natural History of Destruction
W.G. Sebald
Penguin Books, London, 2004 [1999]
Austerlitz
W.G. Sebald
tradução Telma Costa, Teorema, Lisboa, 2004 [2001]
Se apelarmos para uma forma de recordar racional, percebemos rapidamente as semelhanças entre nazismo e comunismo. O historiador Ernst Nolte foi, porventura, o precursor deste esforço politicamente incorrecto. A tese de Nolte até pode não estar certa (nazismo como reacção particularista ao universalismo do comunismo). Mas o historiador alemão ofereceu-nos a pista correcta: devemos comparar, sem complexos, o nazismo com o comunismo. São idênticos em, pelo menos, dois pontos: 1) Organização do Estado: o totalitarismo do estado nazi foi decalcado do totalitarismo do Estado soviético. Mais: como Von Mises e Hayek indicaram logo na época, o programa económico de Hitler era quase idêntico ao programa económico socialista; 2) Ambos são antiliberais: o nazismo e o comunismo nascem de um ódio comum: a aversão ao pluralismo dos regimes liberais.
Henrique Raposo, Revista Atlântico
UM ALIADO NÃO É UM POODLE
Hug them close: Blair, Clinton, Bush and the special relationship
Peter Riddell
London, Politico’s, 2003, pp. 317
Marcado fortemente pelo antigo primeiro-ministro William Gladstone, liberal no vitoriano século XIX, Blair tem na sua “doutrina da comunidade internacional” (1999) as linhas mestras da sua acção externa. E aqui chegamos a uma das mais-valias deste livro: a demonstração de que grande parte da argumentação blairiana em torno da segurança e ameaça internacionais é semelhante antes e depois do 11 de Setembro. Centrando-se na posse de armas de destruição maciça por parte de Estados párias e numa concepção diferente de soberania dos Estados – onde genocídios ou crises humanitárias ameaçadoras da segurança regional são razões para intervenções externas da comunidade internacional (assim se explicam as cinco guerras que Blair levou a cabo desde 1997) – a GB de Blair teve engenho para se colocar na primeira linha do xadrez internacional, levando o ministro dos Estangeiros britânico, Jack Straw, a definir na perfeição o perfil da sua política externa: “Not as a superpower but as a very powerful force for good”. Por este livro se percebe – e esta será uma terceira linha argumentativa – que o apoio aos EUA no pós 11 de Setembro não foi dado de olhos vendados. Pelo contrário: na actual política externa britânica, a melhor forma de influenciar derivas unilateralistas da superpotência norte-americana é estar o mais próximo possível dela, procurando mesmo, como se verificou em algumas situações, incentivá-la a adoptar mecanismos multilaterais na tomada de decisões.
Bernardo Pires de Lima, Revista Atlântico
PARA UMA HISTÓRIA SEM AMNÉSIA SELECTIVA
On the Natural History of Destruction
W.G. Sebald
Penguin Books, London, 2004 [1999]
Austerlitz
W.G. Sebald
tradução Telma Costa, Teorema, Lisboa, 2004 [2001]
Se apelarmos para uma forma de recordar racional, percebemos rapidamente as semelhanças entre nazismo e comunismo. O historiador Ernst Nolte foi, porventura, o precursor deste esforço politicamente incorrecto. A tese de Nolte até pode não estar certa (nazismo como reacção particularista ao universalismo do comunismo). Mas o historiador alemão ofereceu-nos a pista correcta: devemos comparar, sem complexos, o nazismo com o comunismo. São idênticos em, pelo menos, dois pontos: 1) Organização do Estado: o totalitarismo do estado nazi foi decalcado do totalitarismo do Estado soviético. Mais: como Von Mises e Hayek indicaram logo na época, o programa económico de Hitler era quase idêntico ao programa económico socialista; 2) Ambos são antiliberais: o nazismo e o comunismo nascem de um ódio comum: a aversão ao pluralismo dos regimes liberais.
Henrique Raposo, Revista Atlântico
UM ALIADO NÃO É UM POODLE
Hug them close: Blair, Clinton, Bush and the special relationship
Peter Riddell
London, Politico’s, 2003, pp. 317
Marcado fortemente pelo antigo primeiro-ministro William Gladstone, liberal no vitoriano século XIX, Blair tem na sua “doutrina da comunidade internacional” (1999) as linhas mestras da sua acção externa. E aqui chegamos a uma das mais-valias deste livro: a demonstração de que grande parte da argumentação blairiana em torno da segurança e ameaça internacionais é semelhante antes e depois do 11 de Setembro. Centrando-se na posse de armas de destruição maciça por parte de Estados párias e numa concepção diferente de soberania dos Estados – onde genocídios ou crises humanitárias ameaçadoras da segurança regional são razões para intervenções externas da comunidade internacional (assim se explicam as cinco guerras que Blair levou a cabo desde 1997) – a GB de Blair teve engenho para se colocar na primeira linha do xadrez internacional, levando o ministro dos Estangeiros britânico, Jack Straw, a definir na perfeição o perfil da sua política externa: “Not as a superpower but as a very powerful force for good”. Por este livro se percebe – e esta será uma terceira linha argumentativa – que o apoio aos EUA no pós 11 de Setembro não foi dado de olhos vendados. Pelo contrário: na actual política externa britânica, a melhor forma de influenciar derivas unilateralistas da superpotência norte-americana é estar o mais próximo possível dela, procurando mesmo, como se verificou em algumas situações, incentivá-la a adoptar mecanismos multilaterais na tomada de decisões.
Bernardo Pires de Lima, Revista Atlântico
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