DEPOIS DO SUCESSO DA PRIMEIRA SESSÃO, "NOITES À DIREITA" REGRESSA EM SETEMBRO COM PEDRO MEXIA
Pedro Mexia aceitou o convite para participar no encontro de Setembro das "Noites à Direita" dedicado à por vezes complicada relação entre a direita e a cultura. Foi ontem mesmo na primeira sessão das "Noites" que o convite lhe foi endereçado, na sala a abarrotar do Café Nicola, que se mostrou pequeno para tanto público - o próximo deverá ter lugar em local mais amplo.
A Agência Lusa dá conta do acontecimento, mas parece que só lá viu dirigentes e deputados do CDS. Só por isso, acrescentamos que Nogueira Leite, Emídio Rangel, Vasco Rato, Nuno Costa Santos, Sofia Galvão e Gonçalo Reis foram alguns dos muitos ilustres participantes na iniciativa, para além do grupo de promotores - António Pires de Lima, Filipa Correia Pinto, Leonardo Mathias, Luciano Amaral, Paulo Pinto Mascarenhas, Pedro Lomba e Rui Ramos, que infelizmente não pôde estar presente (Manuel Falcão também não esteve).
Segue a notícia na íntegra da Lusa:
Política: Direita não estava "preparada para governar" - Pires de Lima
Lisboa, 06 Jul (Lusa) - O ex-vice-presidente do CDS- PP Pires de Lima afirmou terça-feira à noite que "a direita não estava preparada para governar" em 2001, e confessou o "sabor da desilusão e até da incompetência" desses três anos no poder.
Num debate sobre "A direita e a liberdade", António Pires de Lima admitiu que PSD e CDS "foram apanhados de surpresa" pela demissão de António Guterres após a derrota nas autárquicas e considerou que isso teve consequências na forma como a coligação foi elaborada, em formato pós-eleitoral.
"A falta de autenticidade, a falta de convicção rapidamente se detectaram", sublinhou, lamentando que os três anos em que PSD e CDS-PP estiveram no poder não tenham conseguido deixar uma "marca de eficácia" no país.
O debate de terça-feira à noite, que encheu o Café Nicola, em Lisboa, foi o primeiro de um ciclo - "Noites à Direita" - que visa dar voz àqueles que, neste espaço político, defendem o liberalismo, não só económico mas também na área dos costumes.
O "agente provocador" escolhido para este debate foi o ex-deputado do PS, Vicente Jorge Silva, que apesar de se confessar também ele um liberal, acusou a direita de uma "duplicidade insustentável".
"Para a direita, o Estado estará a mais na economia, na segurança social e na educação, mas estará a menos nas convicções", criticou, considerando que a direita actual ainda está muito marcada pelo "fantasma do salazarismo".
Na resposta, Pires de Lima admitiu a crítica, mas devolveu-a à esquerda, "tão libertária e socialmente evoluída nos costumes, mas depois proteccionista quanto à intervenção do Estado".
"A esquerda tem uma relação difícil com a liberdade", acusou o deputado do CDS-PP.
Na sala estiveram vários companheiros de bancada parlamentar de Pires de Lima, como Nuno Melo, Telmo Correia, Teresa Caeiro ou Nuno Magalhães, figuras que ocuparam lugares de destaque na anterior direcção.
Da actual comissão executiva, o núcleo duro do CDS, apenas Pedro Pestana Bastos marcou presença no debate das "Noites à Direita", que não tem pretensões de se tornar uma organização partidária.
"Não queremos ser uma organização ou movimento com conotação partidária que se substitua aos partidos actuais, o que queremos é permeabilizá-los às nossas ideias", explicou Pires de Lima.
Num debate sobre a direita, não podia faltar a discussão sobre aborto e a Constituição da República Portuguesa.
Embora manifestando-se contra a liberalização total do aborto, Pires de Lima voltou a defender a sua descriminalização, posição que vai contra a orientação oficial do CDS-PP.
"Pura e simplesmente, até um determinado número de semanas as mulheres não deviam ser criminalizadas", disse.
Já sobre a Constituição o ex-vice-presidente do CDS foi mais crítico e deixou um repto à esquerda.
"Uma das homenagens que a esquerda podia fazer ao 25 de Abril era reescrever a Constituição e torná-la um hino à liberdade", propôs.
Também aqui Pires de Lima contou com o apoio de Vicente Jorge Silva, que sublinhou a "indiscutível carga ideológica" da Lei fundamental, com o ex-deputado socialista a defender que esta se deveria reduzir a uma carta de princípios o mais sintética possível.
As "Noites à Direita" voltam a reunir em Setembro, para discutir cultura.
A Agência Lusa dá conta do acontecimento, mas parece que só lá viu dirigentes e deputados do CDS. Só por isso, acrescentamos que Nogueira Leite, Emídio Rangel, Vasco Rato, Nuno Costa Santos, Sofia Galvão e Gonçalo Reis foram alguns dos muitos ilustres participantes na iniciativa, para além do grupo de promotores - António Pires de Lima, Filipa Correia Pinto, Leonardo Mathias, Luciano Amaral, Paulo Pinto Mascarenhas, Pedro Lomba e Rui Ramos, que infelizmente não pôde estar presente (Manuel Falcão também não esteve).
Segue a notícia na íntegra da Lusa:
Política: Direita não estava "preparada para governar" - Pires de Lima
Lisboa, 06 Jul (Lusa) - O ex-vice-presidente do CDS- PP Pires de Lima afirmou terça-feira à noite que "a direita não estava preparada para governar" em 2001, e confessou o "sabor da desilusão e até da incompetência" desses três anos no poder.
Num debate sobre "A direita e a liberdade", António Pires de Lima admitiu que PSD e CDS "foram apanhados de surpresa" pela demissão de António Guterres após a derrota nas autárquicas e considerou que isso teve consequências na forma como a coligação foi elaborada, em formato pós-eleitoral.
"A falta de autenticidade, a falta de convicção rapidamente se detectaram", sublinhou, lamentando que os três anos em que PSD e CDS-PP estiveram no poder não tenham conseguido deixar uma "marca de eficácia" no país.
O debate de terça-feira à noite, que encheu o Café Nicola, em Lisboa, foi o primeiro de um ciclo - "Noites à Direita" - que visa dar voz àqueles que, neste espaço político, defendem o liberalismo, não só económico mas também na área dos costumes.
O "agente provocador" escolhido para este debate foi o ex-deputado do PS, Vicente Jorge Silva, que apesar de se confessar também ele um liberal, acusou a direita de uma "duplicidade insustentável".
"Para a direita, o Estado estará a mais na economia, na segurança social e na educação, mas estará a menos nas convicções", criticou, considerando que a direita actual ainda está muito marcada pelo "fantasma do salazarismo".
Na resposta, Pires de Lima admitiu a crítica, mas devolveu-a à esquerda, "tão libertária e socialmente evoluída nos costumes, mas depois proteccionista quanto à intervenção do Estado".
"A esquerda tem uma relação difícil com a liberdade", acusou o deputado do CDS-PP.
Na sala estiveram vários companheiros de bancada parlamentar de Pires de Lima, como Nuno Melo, Telmo Correia, Teresa Caeiro ou Nuno Magalhães, figuras que ocuparam lugares de destaque na anterior direcção.
Da actual comissão executiva, o núcleo duro do CDS, apenas Pedro Pestana Bastos marcou presença no debate das "Noites à Direita", que não tem pretensões de se tornar uma organização partidária.
"Não queremos ser uma organização ou movimento com conotação partidária que se substitua aos partidos actuais, o que queremos é permeabilizá-los às nossas ideias", explicou Pires de Lima.
Num debate sobre a direita, não podia faltar a discussão sobre aborto e a Constituição da República Portuguesa.
Embora manifestando-se contra a liberalização total do aborto, Pires de Lima voltou a defender a sua descriminalização, posição que vai contra a orientação oficial do CDS-PP.
"Pura e simplesmente, até um determinado número de semanas as mulheres não deviam ser criminalizadas", disse.
Já sobre a Constituição o ex-vice-presidente do CDS foi mais crítico e deixou um repto à esquerda.
"Uma das homenagens que a esquerda podia fazer ao 25 de Abril era reescrever a Constituição e torná-la um hino à liberdade", propôs.
Também aqui Pires de Lima contou com o apoio de Vicente Jorge Silva, que sublinhou a "indiscutível carga ideológica" da Lei fundamental, com o ex-deputado socialista a defender que esta se deveria reduzir a uma carta de princípios o mais sintética possível.
As "Noites à Direita" voltam a reunir em Setembro, para discutir cultura.
1 Comments:
Noites à direita – Projecto Liberal [Notas avulsas]
1. A estoicidade e determinação do indivíduo que, a toda a alma que punha o pé dentro do Nicola, propunha “uma brochura contra o bloco de esquerda e também tenho aqui uma contra o cavaquismo” foi notável mas pouco proveitosa. Primeiro porque é escusado vender um argumentário contra “as actividades trotskistas nas sociedades contemporâneas”, uma vez que a palermice e a irresponsabilidade brotam de cada palavrinha que proferem. Depois porque num encontro de liberais ser-se “contra”, seja lá o que for, não é propriamente o que mais entusiasma a malta…
2. Foi com surpresa que vi tantos democratas-cristãos, nacionalistas, católicos, conservadores e monárquicos num encontro de liberais.
3. Voltando ainda à figura do ponto 1, o vendedor das brochuras. Entra um indiano a vender flores e ele, prontamente, lhe diz: “Isto aqui não é uma festa!”. Afinal, parece que foi…
4. Os senhores do CDS (aqueles senhores do CDS) não estariam equivocados?
5. Vicente Jorge Silva e o Miguel Coutinho fizeram um excelente favor ao Liberalismo português quando, en passant abordaram a questão dos costumes e dos valores.
6. É claro que com aquela assistência, como seria de esperar e quando se falou nos costumes e nos valores, parte dela rezingou e outra, mais discreta, limitou-se a torcer o nariz.
7. Quando me preparava para perguntar “então como é em relação ao aborto, a eutanásia e as drogas?” a Filipa Correia Pinto fez o favor de interpelar o Pires de Lima sobre o aborto. Ele não se saiu mal, mas uma vez mais fiquei com a impressão que “aqueles” liberais (alguns dos que estavam na assistência) não são bem liberais…
8. E tudo isto sem embargo de me parecer estéril a discussão que corre a blogosfera sobre o “meu liberalismo é maior que o teu”; mas se calhar faz sentido algum esclarecimento… é porque seria estranho que, ontem, pela porta do Nicola, entrasse o Fernando Rosas, o Rosa Coutinho ou o Mário Soares.
9. Pese embora não tenha ficado absolutamente convencido da iniciativa – em Setembro procurarei lá voltar – há alguns textos do Bernardo Pires de Lima, do Henrique Raposo, do Rui Ramos, etc. que me parecem excelentes pontos de partida para uma conversa mais interessante.
10. [nota de rodapé] Será que o Miguel Matos Chaves acha que aquilo é uma extensão do CDS? Livra! Será que as guerrinhas fratricidas do CDS vão estar sempre presentes em qualquer coisa que se faça à direita?
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